sábado, 2 de junho de 2007

A Conquista da Honra (2006)



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Flags of Our Fathers, EUA, 2006.

Direção: Clint Eastwood

Desde a época em que começou a ser exibido o trailer de “A Conquista”, eu me perguntava o que afinal o nome original do filme queria dizer. “Flags Of Our Fathers”, ou “Bandeiras de Nossos Pais” soava um tanto infantil, quer dizer, não dizia quase nada. Agora diz, e muito.

O filme trata de heroísmo e de ética, dos valores morais que permeiam o inconsciente coletivo durante uma guerra. Até que ponto uma nação vai à guerra para lutar por um motivo justo? Que motivação é essa que faz um ser humano querer exterminar o próximo? Um soldado luta pra defender sua nação ou luta pra defender seus companheiros de guerra? As tais “bandeiras” de nossos pais são os ideais pelos quais nossos antepassados lutaram quando empunhavam armas e disseminavam o horror.

Só que para aqueles que ficam, e assistem de camarote, através da transmissão nem sempre fidedigna da imprensa, a guerra não passa de um espetáculo, ou uma demonstração sádica de afirmação de poder. E aqueles homens que entregam suas vidas a serviço de seu país, no final das contas não passam de fantoches, de brinquedinhos nas mãos de gente grande, que só aceita que o jogo acabe quando conseguir sair vencedor.

Com a guerra se conquista a honra? São heróis aqueles que dão seu sangue por nós? Ao deixar o leito de morte de seu pai, fuzileiro protagonista do filme, assombrado com as lembranças da guerra até seu último minuto de vida, essas são as palavras de seu filho:

"Consegui entender porque se sentiam tão incômodos
quando os chamavam de heróis.
Os heróis são coisas que criamos.
Algo que necessitamos.
É uma forma de entendermos aquilo que é quase incompreensível.
Como as pessoas podem se sacrificar tanto por nós.
Mas para meu pai e para estes homens
Os riscos que correram e as feridas que sofreram...
Eles fizeram isso por seus amigos.
Eles podem até ter lutado por seu país.
Mas eles morreram por seus amigos.
Pelo homem a frente,
Pelo homem ao seu lado.
E se de verdade queremos honrar esses homens.
Devemos lembrar deles como eles realmente eram.
Como meu pai os recordava.”

Dirigido por Clint Eastwood, esse filme foi rodado simultaneamente a “Cartas de Iwo Jima”, com o intuito de retratar uma das mais sangrentas batalhas travadas na Segunda Guerra Mundial, entre os EUA e o Japão, pela posse da ilha de Iwo Jima, que gerou uma imagem-símbolo da guerra: cinco fuzileiros e um integrante do corpo médico da Marinha erguendo a bandeira dos Estados Unidos no monte Suribachi. Alguns destes homens morreram logo após este momento, sem jamais saber que foram imortalizados. Os demais permaneceram na frente de batalha com seus companheiros, que lutavam e morriam sem qualquer ostentação ou glória.

“A Conquista” apresenta o ponto de visto americano, e “Cartas”, o japonês. Com orçamento bem mais polpudo, “A Conquista” acabou sendo bem menos festejado pela crítica do que “Cartas”, que recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original. Mas em se tratando de um filme “eastwoodiano”, não se poderia esperar menos que uma obra-prima.

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