sábado, 22 de agosto de 2009

Meus Musicais Preferidos

Ultimamente estou numa fase de ver musicais e percebi que esse é um dos estilos de filme que mais gosto. Alguns musicais eu até tinha o DVD na minha coleção mas nunca tinha parado pra assistir. Aproveitei então essa minha fase pra vê-los e rever outros que adoro.
Não gosto muito daqueles musicais do tipo “cantando e dançando”, em que os atores do nada começam a travar “conversas musicais” e dançar, sapatear, cambalotear ... estilo “Dançando na Chuva”. Esses musicais me dão sono.

Meus musicais preferidos são aqueles que marcaram uma época ou que de alguma forma tiveram uma importância especial em seu tempo ou que expõem uma mensagem clara contra o preconceito. Resolvi então fazer minha lista de 10 musicais preferidos de todos os tempos. Provavelmente vou esquecer de citar alguns, mas isso é inevitável em qualquer lista. Achei que teria dificuldade em escolher 10. Acabei escolhendo quase 20.

APENAS UMA VEZ (2006)
Ganhador do Oscar de Melhor Canção Original em 2008 (“Falling Slowly”). Um músico de rua e uma jovem mãe se conhecem por acaso nas ruas de Dublin, Irlanda, e iniciam uma forte relação. Este talvez seja o único romance que não acontece através de beijos e contato sexual, mas apenas através da música. Por um lado pode parecer frustrante que a relação carnal entre eles não chegue a se concretizar. Mas a parceria dos dois é tão forte e tão verdadeira que qualquer conotação sexual estragaria a beleza e pureza daquele sentimento. Este filme me tocou tão forte que depois de assisti-lo comecei a estudar música.

BILLY ELLIOT (2000)
História edificante de um menino inglês que sonha em ser bailarino profissional, mas é reprimido pelo pai, que deseja que o filho seja lutador de box. Em meio aos conflitos familiares e à violência e preconceito do pai e do irmão mais velho, o garoto conhece a professora Mrs. Wilkinson, que o estimula a não desistir de perseguir seu sonho, e o leva para fazer um teste na renomada Royal Ballet School. O filme é um soco no estômago dos preconceituosos e, na minha opinião, um dos melhores filmes do início dos anos 2000. Não se trata propriamente de um musical, mas trata de dança e de luta contra o preconceito.

CANÇÕES DE AMOR (2008)
Musical do diretor francês Christophe Honoré, cujo estilo foi comparado pela crítica francesa à Nouvelle Vague (movimento contestatório do cinema francês dos anos 60 liderado pelos cineastas François Truffaut, Jean-Luc Godard, entre outros), chegando a ser denominado “Neo Nouvelle Vague” e teve várias páginas dedicadas a ele na revista Cahiers du Cinema (mais importante revista de cinema do mundo, de onde surgiu a própria Nouvelle Vague). Protagonizado pelos atuais “queridinhos” do cinema francês Louis Garrel (filho do diretor Philippe Garrel, ficou mundialmente famoso pelo filme “Os Sonhadores” de Bernardo Bertolucci) e Ludivine Sagnier (que está em grande parte dos filmes franceses que passaram no Brasil ultimamente). Tem ainda a participação da belíssima Chiara Mastroianni (filha de Marcelo Mastroianni e Catherine Deneuve). O filme é todo falado e cantado em francês. Só ouvir a trilha sonora já vale a pena, pois é viciante. Na verdade o roteiro foi criado em cima do disco que já existia, composto e cantado por Alex Beaupain. Foi taxado de “musical gay” por alguns críticos no Festival de Cannes, mas essa análise é reducionista demais. Segundo o próprio diretor, trata-se de uma homenagem ao filme “Os Guarda-Chuvas do Amor”, de 1964, de Jacques Demy, que marcou sua infância, e trata de personagens, sejam homo, hetero ou bissexuais, que têm dificuldade para expressar seus sentimentos e o fazem por meio de canções de amor.

DANÇANDO NO ESCURO (2001)
Este talvez seja o musical mais inusitado de todos os tempos. Segue o estilo criado em por um grupo de diretores dinamarqueses denominado DOGMA 95. Segundo as regras do grupo, era proibido utilizar recursos artificiais devendo-se dar maior naturalidade possível às cenas, com iluminação natural, câmera no ombro (o que implica em imagem muitas vezes tremida) e interpretação mais naturalista possível. O diretor Lars Von Trier misturou este conceito ao estilo musical e chamou a cantora islandesa Bjork para protagonizá-lo. Por mais contraditória que essa mistura (musical/naturalismo) pareça, o filme é uma obra prima e deu à cantora Björk, em sua única experiência como atriz, a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2000 e diversos outros prêmios ao redor do mundo. O filme é difícílimo de se assistir porque contém uma cena de violência muito explícita e principalmente pela crueldade a que a protagonista é submetida, que me fez até lembrar um pouco “A Paixão de Cristo”. Lembro que a segunda vez que assisti ao filme no cinema uma garota que sentou do meu lado chorava tanto que o namorado tentava acalmá-la o tempo todo. O filme conta com a participação da sempre maravilhosa Catherine Deneuve como melhor amiga da protagonista. As músicas são extremamente tocantes (a trilha sonora do filme é lindíssima), com destaque para a música “In The Musicals”, que começa a partir do som das máquinas na metalúrgica em que as personagens trabalham (para fugir da dura realidade, a protagonista se imagina participando de musicais).

DIRTY DANCING – RITMO QUENTE (1987)
Como ocorreu com a maioria dos musicais dos anos 80, a música tema “I´ve Had The Time Of My Life” fez tanto ou mais sucesso que o filme, e ganhou o Oscar de Melhor Canção Original. As músicas “Hungry Eyes” e “She´s Like The Wind” (cantada pelo próprio Patrick Swayze) também ficaram bem conhecidas, mesmo por quem não viu o filme. A história se passa nos anos 60, quando uma jovem de 17 anos vai para um resort com os pais e a irmã. Certa noite, a protagonista descobre uma festa acontecendo no alojamento dos funcionários (garçons, animadores, dançarinos etc.), onde o estilo de dança, diferentemente daquele presente nas festas dos hóspedes, é sensual, ousado, quase erótico (daí o nome “Dirty Dancing”). Ali ela aprende a dançar e acaba descobrindo seu primeiro amor, enfrentando conflitos com o pai, deixando de ser a “filhinha certinha” para se tornar mulher. A cena clímax do filme com o casal dançando a música tema é inesquecível.

EVITA (2006)
Muita gente criticou este filme. Muitos acham chatíssimo pelo fato de ser 99% cantado, praticamente sem falas. Até concordo que pode ser visto como uma compilação de videoclipes da Madonna. Mas trata-se de uma adaptação quase literal para as telas de um dos mais famosos musicais da dupla Andrew Lloyd Weber e Tim Rice ( autores de Cats, O Fantasma da Ópera, Sunset Boulevard, Jesus Cristo Superstar ...). Foi muito criticado (tanto o musical como o filme) por retratar a figura de Eva Perón como uma alpinista social, que surgiu do nada, vinda de uma cidadezinha do interior e se relacionava com homens influentes que poderiam contribuir de alguma forma para a sua escalada para o sucesso. É impressionante a semelhança entre as biografias de Madonna e Evita, principalmente levando-se em conta que ambas tornaram-se figuras mundialmente influentes e pelo fato de serem mulheres fortes e determinadas. Madonna passou mais de uma década tentando levar o papel de Evita para os cinemas, e quando finalmente o projeto deslanchou, nas mãos do diretor inglês Alan Parker, ela enviou uma carta de várias páginas argumentando porque era a atriz ideal para interpretar a ex-primeira dama argentina e explicando que era o papel de sua vida. É sem dúvida o melhor filme da carreira cinematográfica de Madonna e seu esforço valeu-lhe o Globo de Ouro de Melhor Atriz em 1997. A única música não tirada do musical da Broadway, criada especialmente para o filme, a belíssima “You Must Love Me”, foi cantada por Madonna no Oscar 1997 e ganhou o prêmio de Melhor Canção Original.

FAMA (1980)
Outro musical do inglês Alan Parker, mostra o processo seletivo de uma escola de artes performáticas de Nova York. O filme acompanha a vida de alguns alunos, desde a seleção até a graduação na escola. Contém cenas emblemáticas, fechando com chave de ouro o estilo musical do final dos anos 70. Contém algumas cenas do estilo “cantando e dançando”, mas todas são bem situadas e contribuem para impulsionar a história. O filme fez tanto sucesso que virou uma série de TV. A música “I Wanna Live Forever” ficou famosa na voz de Irene Cara, uma das protagonistas.

FLASHDANCE (1983)
Outro filme dos anos 80 que marcou época, ganhou o Oscar de melhor canção (“What a Feeling”), e passou infinitas vezes na “Sessão da Tarde”. Uma jovem persistente sonha em ser uma bailarina de sucesso. Ela trabalha como operária durante o dia e dança de forma alucinante à noite, nas discotecas. Dirigido por Adrian Lyne (que depois dirigiu 9 1/2 Semanas de Amor e Atração Fatal), o filme definiu toda uma nova geração de roupas, comportamentos e movimentos de dança.

FOOTLOOSE - RITMO LOUCO (1984)
Musical protagonizado por Kevin Bacon. A abertura com vários pés dançando é emblemática. A música tema do filme ficou mais famosa que o próprio filme. Após um acidente de carro que provocou a morte de alguns jovens em uma cidadezinha extremamente conservadora do interior dos Estados Unidos, a comunidade criou uma lei proibindo a música. O discurso do protagonista para convencer o conselho da comunidade a liberar as pessoas a ouvirem música e à realização de uma festa, citando trechos da Bíblia, é excepcional!

GREASE - NOS TEMPOS DA BRILHANTINA (1978)
A história se passa na Califórnia dos anos 50, protagonizada por Olivia Newton-John e John Travolta. Ao som de rock, um casal de estudantes apaixonado enfreta problemas típicos de adolescentes. A trilha sonora é ótima, com letras inocentes e melodias deliciosas. Talvez o filme que melhor sintetize a juventude da década de 50. Várias músicas fizeram sucesso como "Grease", "You´re The One That I Want", "Summer Nights" e "We Go Together".

GUARDA-CHUVAS DO AMOR, OS (1964)
Para alguns esse filme pode parecer enfadonho por ser quase 100% cantado. Para mim é o exemplar perfeito de como um musical deve ser. Os personagens parecem flutuar, filmados em travelling, sobre trilhos em movimento. As cenas são artificiais, mas remetem ao sonho, á fantasia, ao mundo do faz de conta. Catherine Deneauve parecia uma boneca, no auge de sua beleza e juventude, as casas e ruas têm cara de cenário. Até o posto de gasolina com a marca “Esso” estampada parece de brinquedo. Mas para quem quer escapar da realidade e se deliciar com músicas românticas francesas esse filme é um prato cheio.

MOULIN ROUGE - AMOR EM VERMELHO (2001)
Terceiro filme da “Trilogia da Cortina” de Bazz Luhmann, diretor australiano, é uma profusão de cores fortes e referências pop. Embaralha clássicos de U2, Madonna, Beatles, Elton John, The Police, Nirvana, entre outros, com uma roupagem moderna que marcou o cinema do início dos anos 2000. A história é bem shakespeariana, acompanhando o estilo do seu antecessor “Romeu + Julieta”, com amor proibido e final trágico. O esplendor dos cenários, o ritmo frenético das danças, e a beleza irradiante da protagonista Nicole Kidman, numa época em que definia o conceito de diva dos tempos modernos, em parceria improvável com o inglês Ewan McGregor. Divertido, dinâmico, apaixonante.

ÓPERA DO MALANDRO, A (1985)
Pelo menos um filme nacional tinha que ter na minha lista. Com músicas de Chico Buarque, este musical dirigido por Ruy Guerra é um clássico. Estrelado por Edson Celulari, Cláudia Ohana, Elba Ramalho e Ney Latorraca. A história se passa no boêmia bairro carioca da Lapa dos anos 40. Malandro elegante e popular explora cantora de cabaré e vive de pequenos trambiques, até que surge a filha do dono da casa, que pretende tirar proveito da guerra fazendo contrabando.

PINK FLOYD THE WALL (1982)
Outro musical estilo opera-rock do diretor Alan Parker. Outro cultuado filme baseado em álbum de banda de rock. Alguns inclusive criticam o fato de The Wall “copiar” algumas idéais do musical Tommy, como o avião como crucifixo. A música mais famosa é “Another Brick In The Wall”. O filme trata das fantasias delirantes de um superstar do rock, que enlouquece lentamente em um quarto de hotel. Aos poucos ele constrói uma parede ao seu redor para se proteger e se isolar do mundo. Alterna cenas filmadas com animações do cartunista inglês Gerald Scarfe. Belíssimo e genial!

TOMMY (1975)
Para mim foi uma grata surpresa ver este musical. O DVD é daqueles vendidos em banca por R$ 9,90. Comprei há bastante tempo e só agora assisti. Impactante, original, emocionante, cool, psicodélico, surreal, com participações memoráveis de Tina Turner (linda, aos 35 anos), Elton John, Eric Clapton e Jack Nicholson. Este musical foi feito a partir de um álbum do The Who e foi protagonizado pelo vocalista e fundador da legendária banda, Roger Daltrey. Tommy é um menino cujo pai, um piloto dado como morto na 2ª Guerra Mundial, retorna inesperadamente e flagra sua mulher com o amante, que mata o pai do menino na presença deste. O trauma é tão forte que o garoto fica cego, surdo e mudo. Com o passar do tempo, ele vira um campeão de fliperama e um ídolo pop.

VEM DANÇAR COMIGO (1992)
O primeiro filme de Bazz Luhmann, feito inteiramente na Austrália, com atores australianos. Espécie de "Betty, A Feia" ambientado num concurso de dança. Após perder a sua parceira de dança às vésperas de uma competição de dança, o protagonista, veterano de campeonato de danças acaba convencendo-se a ensaiar com a feiosa de óculos fundo de garrafa que ninguém sabia que dançava. A moça vinha de uma família espanhola, que acaba acrescentando um pouco da cultura latina ao estilo do casal. A cena clímax do filme, em que o casal dança ao som de palmas da platéia, é de arrepiar.

XANADU (1980)
Protagonizado por Olivia-Newton John, no auge de seu sucesso após Grease. É a história de um jovem pintor que é inspirado por sua musa a abrir uma boate-disco que dá título ao filme junto com um empresário aposentado. Foi um dos primeiros filmes da moda "Roller Disco", modalidade de patinação artística com música disco. Conta ainda com a participação de Gene Kelly, lenda viva do cinema musical que protagonizou "Cantando na Chuva". Apesar de ser considerado meio trash por alguns, se tornou cult com o revival dos anos 80. A trilha sonora fez grande sucesso com as músicas "Magic", "Xanadu", "Suddenly" e "I´m Alive".


2 comentários:

Anônimo disse...

Xanadu e Moulin Rouge suck, conforme meus colegas de trabalho anônimos que vc conhece.

rubensb disse...

Evita você forçou né? Só fã da Madonna que achou bom...faltou imparcialidade nessa lista!rs