sábado, 18 de junho de 2011

O Violino

Há alguns meses não tenho escrito nada porque minha vida anda corrida e mal tenho tido tempo de ir ao cinema e de pensar nela (na vida). Se bem que, pensando bem, isso não é verdade. Pensar na vida é o que eu mais tenho feito nos últimos dias. Acho que por isso senti de novo uma necessidade latente de escrever. Geralmente não escrevo sobre mim, mas sobre os filmes que assisto, o que de certa forma é falar sobre mim. Mas como todo pisciano, minha cabeça vive cheia de dualidades, de conflitos, e este ano ele vieram com tudo. Então resolvi escrever um pouco sobre mim, não através do cinema, mas através da arte (no sentido lato). 

Este ano mergulhei de cabeça na experimentação artística (no violino e no ‘teatro’). De tanto não saber o que eu queria da vida, cheguei à conclusão de que eu não preciso saber, mas que esse processo de busca por saber é tão ou até mais importante do que o próprio saber. Sei lá. Talvez eu nunca saiba. Mas e daí? 

Este ano alguma força tomou conta de mim e eu finalmente tomei coragem de me permitir tentar. Depois de tantos anos deixando pra depois, pro futuro, pra quem sabe quando, pra quando eu for rico, pra quando eu souber o que eu quero ... me dei conta de que o tempo está passando e comecei a temer o dia em que eu iria me arrepender de não ter tentado. 

E, pra minha surpresa, o tentar está mais bagunçando do que organizando a minha cabeça. Tenho a sensação de estar mexendo em questões profundas, que estavam meio adormecidas, acomodadas, e agora elas querem vir à tona e me transformar, ou talvez transformar a minha vida. E isso tudo tem me dado uma certa melancolia no dia-a-dia, junto com um busca desesperada por mudança.

De certa forma, e por mais contraditório que pareça, o meu violino acaba sendo um refúgio pra esses momentos de reflexão. É porque dando um pouco de atenção pra ele, meus pensamentos se acomodam e eu consigo por algum tempo evitar essa gastança obsessiva de divagações. O ato de apoiar o queixo nele, segurar o seu braço e deslizar a crina do arco nas cordas, me leva para uma outra dimensão, onde eu esqueço que eu anseio em saber quem eu sou, e apenas me contento em me ser. No fim das contas, uma coisa pra mim é certa: o que o ‘teatro’ bagunça, o violino organiza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem vindo a terceira década de vida e suas reflexões, do que já foi feito e do que ainda há por fazer.
Abração e sucesso
Ugly Brother