sábado, 11 de abril de 2009

Gran Torino (2008)

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Gran Torino, EUA, 2008
Direção: Clint Eastwood


Outros Filmes do Diretor:
2008 A Troca
2006 Cartas de Iwo Jima
2006 A Conquista da Honra
2004 Menina de Ouro
2003 Sobre Meninos e Lobos
1995 As Pontes de Madison
1993 Um Mundo Perfeito
1992 Os Imperdoáveis
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A cada filme do Clint Eastwood que eu assisto, me torno mais fã. Seus filmes têm sempre uma boa dose de violência em oposição a uma extrema sensibilidade.

Creio que todo bom filme tem pelo menos uma frase marcante, e esse não poderia ser diferente. Ao tentar convencer o velho turrão (interpretado pelo próprio Clint) a se confessar na igreja, o padre da paróquia local diz a ele que conhece muitas pessoas que foram obrigadas a fazer coisas terríveis na guerra, e mesmo assim, depois de se confessarem, conseguiram encontrar a paz. Ele responde algo do tipo: “Vou te contar uma coisa, o que pesa mais não são as coisas que fomos obrigados a fazer e sim aquelas que fizemos apesar de ninguém ter-nos obrigado”. Essa frase resume todo o peso do personagem, veterano da Guerra da Coréia, que carrega um passado sombrio, mas que, ao mesmo tempo, o tornaram destemido e revoltado com as injustiças do mundo, a ponto de fazer justiça com as próprias mãos.

O filme tem elementos que, por mais “clichê” que sejam, eu, pessoalmente, adoro: o velho rabugento que repele a aproximação de um jovem e, com o tempo, acaba cedendo e vira seu melhor amigo; a disputa entre gangues de etnias rivais em um bairro familiar e decadente; a típica cena da mocinha que, prestes a ser violentada por marginais, é salva por um valentão herói; dentre outros.

A sequência em que ele cede ao convite para participar de uma festa na casa dos vizinhos asiáticos (lembre-se que ele participou do massacre contra os coreanos no passado) resulta em momentos hilários, aproveitando ao máximo o choque entre as duas culturas. Além disso, é na relação com os vizinhos, aqueles que a princípio ele teria motivos para odiar, que ele se dá conta que lhe dão muito mais afeto do que sua própria família de sangue, que quase não se lembra de sua existência.

O carro que dá nome ao filme, obviamente tem papel de destaque, precisamente em dois momentos chave. O primeiro, mostra como o carro é importante para o protagonista, a ponto de arriscar sua vida para defendê-lo. E é este fato que desencadeia o início da relação com a família oriental. O segundo fato ocorre quando o protagonista já está íntimo dos vizinhos e, em um ato de generosidade extrema, prova o quanto passou a confiar naquela família.

O final é ainda mais surpreendente, apesar de moralista ao extremo, ou melhor, é perfeito justamente por ser assim. É curioso pensar que, apesar da marca que Clint carrega devido a aos personagens machões que o tornaram famoso, ele consegue se aproveitar de toda esse marca de herói de faroeste e utilizá-la de uma forma altamente sensível, disseminando sentimentos de amizade, amor, justiça e heroísmo no mundo contemporâneo, que estão presentes em todos os seus filmes, e, em Gran Torino, esses sentimentos são elevados à quinta potência.

Gran Torino me fez lembrar outro ótimo filme de ator-diretor, um dos meus favoritos, chama-se “Desafio no Bronx” e foi a estréia de Roberto De Niro na direção. Conta a história de um jovem de origem italiana que se apaixona por uma moça negra, em meio à brutal rivalidade com a máfia italiana no bairro novaiorquino famoso pela predominância negra.

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