2012 começou há mais de um mês e já tenho a impressão que 2011 ficou num lugar distante. O ano passado foi um dos mais marcantes pra mim, comparável talvez somente a 1998, 2000 e 2005, os anos que provocaram maiores inquietações e, conseqüentemente, transformações na minha vida.
Em 2011 fui menos ao cinema e mais ao teatro do que de costume. E foi bom assim. De qualquer forma, não vi tantos filmes incríveis no ano passado. Dessa vez, vou aproveitar e fazer uma coisa que nunca fiz e adoro, minhas listas de Top 10.
10 DISCOS Q+ OUVI:
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2011 me fez sair da zona de conforto e (pelo menos começar a tentar) parar de me esconder. Me trouxe uma força interior que me deu coragem pra encarar de frente os desafios contras os quais eu luto há muito tempo.
2011 me deu um tapa na cara e me fez perceber que o tempo está passando e não dá mais pra deixar as coisas pra depois. Às vezes eu até esqueço onde eu quero chegar. Às vezes eu tenho dúvidas se realmente existe um lugar específico onde eu quero chegar. Mas acima de tudo, percebi que o que importa é esse caminho que eu comecei a percorrer. Cada passo que eu dou é um aprendizado, cada degrau que eu subo faz o esforço valer a pena, cada alegria e cada decepção me traz algum entendimento.
O que importa é seguir em frente, superar o medo e fazer, tentar, se arriscar, porque, no fundo, a verdadeira derrota é acomodar-se. Conformar-se significa não sair do lugar, dar-se por vencido, é achar que dali não tem mais pra onde ir.
Ultimamente, andei pensando que enfrentar os desafios é o tipo de situação que os americanos chamam de ‘win-win’. Não tem como perder. Se der certo, você aprende alguma coisa e fica feliz, se der errado, você aprende mais ainda, ou seja, você sempre vai ganhar alguma coisa tentando. Você nunca vai ganhar nada se acomodando, por mais reconfortante que seja.
O cinema sempre foi a maior paixão na minha vida. Quando eu estou numa sala de cinema e as luzes se apagam eu fico exatamente na zona de conforto sobre a qual eu acabei de falar. É uma delícia ficar lá dentro vivendo a vida de outras pessoas, amando, odiando, temendo, vibrando. Mas ir pra lá é fácil, porque a gente sempre sabe o final, as luzes acendem, os créditos sobem, a gente levanta e volta a viver nossa vida.
O teatro também é assim quando eu estou como espectador, quer dizer, às vezes não (tem peças que fazem a gente olhar pra dentro de nós mesmos), mas em geral é igual. Quando eu vou ao teatro, geralmente esqueço por 2 horas da minha vida e vivo as alegrias e tristezas dos personagens.
Osho diz que o sofrimento vem da comparação. Eu acho que o contrário também é pura verdade. Por mais cruel que seja, às vezes a gente acaba ficando feliz com o sofrimento alheio, porque vendo o outro por baixo, a gente se sente aliviado por não ter que passar pelo angústia de ver o outro (pelo menos aparentemente) mais feliz do que a gente.
Acho que é por isso que eu sinto um prazer meio sádico de assistir drama no cinema e no teatro. Quando eu vejo os personagens se dando mal, sofrendo, eu vejo o quanto que eu sou feliz, vejo que a minha vida é ótima e eu não tenho do que reclamar. E o fato de se tratar de personagens elimina toda a culpa que viria caso se tratasse de pessoas próximas.
Eu ia escrever mais sobre como o teatro está me ajudando a me expor mais. Mas agora, pensando melhor, acho que no fundo isso é uma mentira. Fazer teatro é uma forma diferente de se esconder. Antes eu só me escondia sentado na cadeira do espectador. No palco, existe a ilusão de estar se mostrando, mas no fundo também é uma forma de ocultação, só que menos escancarada. Sei lá. Mas o que importa é que esse processo está me ajudando a me conhecer melhor, a equilibrar minhas energias e a me desprender do julgamento das pessoas.
Falando agora sobre as peças que assisti em 2011, tenho que começar por Roberto Zucco. Não sei porque e nem quero saber, mas foi a peça que mais mexeu comigo até hoje. Pela primeira vez eu tive vontade de ver uma peça mais de uma vez, vi duas vezes e ainda fiquei com vontade de ver de novo. Dá um medo de ser injusto, mas acho que foi a peça que mais gostei de assistir.
E por razões que a própria razão desconhece, acabei fazendo oficina no Satyros com o Robson Catalunha, que interpreta o personagem título. Além de ser um ator excepcional, foi o responsável pelo processo de turbilhão de emoções que foi participar daquela oficina e uma das pessoas que mais me ajudou a crescer em 2011. Nada acontece por acaso.
No mesmo Satyros I onde o Zucco era encenado eu acabei fazendo quatro apresentações com o grupo da Oficina. Além disso, no mesmo período eu fiz aula no Globe-SP, onde passei um semestre ensaiando e respirando (mais uma coincidência) Roberto Zucco. Daí dá pra ver porque essa peça marcou tanto a minha vida e meu ano de 2011.
Outra peça que mexeu muito comigo ano passado foi Romeu e Julieta, encenada no Globe-SP. Depois de uma grande decepção que eu tive no final do semestre, pensei muito se eu deveria continuar estudando lá, e até se (e pra que) eu queria continuar estudando teatro. Ver a montagem de Romeu e Julieta do Miguel Hernandez (outro professor que me ajudou muito a crescer em 2011) foi como um sopro de esperança, uma injeção de ânimo que me deu certeza de que eu deveria continuar estudando teatro.
Outras duas peças que me impressionaram foram “A Árvore Seca” e “Cada Qual no Seu Barril”. A primeira é um monólogo com Ester Laccava, uma atriz brilhante que interpreta de forma impecável uma nordestina que conta as diversas fases da sofrida história da sua vida. Emocionante, vibrante, difícil de descrever a sensação de assistir. Foi a primeira vez que eu vi um monólogo que me prendeu do começo ao fim.
A segunda é uma peça infantil com as maravilhosas Bruna Longo e Daniela Flor (que foram minhas professoras no Globe-SP). Sem diálogos, as duas interpretam dois (homens) náufragos que, sem trocar uma palavra, passam o tempo provocando um ao outro. Leve, divertido, lembra muito desenhos animados tanto na cenografia como no gestual. Aliás, aí está o grande barato de assistir a peça, observar a perfeição com que as duas se expressam através do corpo, do rosto e do olhar.
Acabei escrevendo mais sobre como me senti em relação ao teatro, e não escrevi muito sobre cinema. Mas acho que isso diz muito sobre o meu ano e a fase que eu estou vivendo.
Pra terminar, não podia deixar de falar da quantidade enorme de pessoas que passaram pela minha vida em 2011. Só pra ter uma idéia, dei uma geral no meu Facebook e contei 110 pessoas (do total de 300) que adicionei nesse último ano. Acho que isso significa alguma coisa.
Obviamente algumas passam rápido e acabam ficando só no Facebook como uma espécie de álbum de fotografias de uma fase que eu vivi. Outras permanecem e viram amigas por muito anos (ou pra sempre, quem sabe). E algumas marcam de uma forma tão intensa que, mesmo que a gente fique anos sem se falar, quando nos reencontramos é como se tivéssemos dado 'pause' no tempo e a amizade permanece intacta.
LISTAS COMPLETAS:
FILMES (144)
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