sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mostra 2010 - Dia 28/10

Depois de um dia ótimo como o de ontem, tinha que vir um dia ruim.


Comercial
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Documentário centrado em entrevistas com algumas das figuras mais importantes da propaganda brasileira, como Washington Olivetto, Marcelo Serpa, Fabio Fernandes e Fernando Meirelles. É interessante por não se centrar apenas nos publicitários, mas também nos profissionais das produtoras, inclusive mostrando a rixa que existe entre os profissionais das duas áreas. Mostra ainda alguns comerciais que marcaram época, logo após o comentário de cada profissional responsável pela sua criação.

Conta ainda com uma participação irritante e "vergonha-alheia" do titã Paulo Miklos, que faz intervenções para introduzir cada bloco do filme.

Gostei do filme, principalmente porque sou formado em Publicidade e, inclusive, fui estagiário na agência de Marcelo Serpa quando estava na faculdade. Mas me pergunto se o filme despertará o mesmo interesse nas pessoas que não têm nenhuma ligação com o mercado publicitário.

Memórias de Xangai *
Jia Zhang-Ke é talvez o diretor chinês mais cultuado atualmente. Talvez depois que seu filme “Em Busca da Vida”, de 2006, ganhou vários prêmios internacionais, inclusive o Leão de Ouro no Festival de Veneza. Seus filmes costumam ser um pouco difíceis devido às longas tomadas silenciosas e contemplativas, mas este documentário exige paciência sobre-humana.

Com mais de duas horas de duração, tenta documentar, através de depoimentos de 18 idosos, momentos históricos de Xangai, quando a cidade teve os portos abertos para o comércio internacional até o início da revolução cultural e a vitória dos comunistas no país, quando milhares de moradores saíram para Hong Kong e Taiwan.

O tema até que é interessante, mas quem não conhece detalhes da história de Xangai e da China, como eu, fica totalmente perdido, pois não há qualquer narrativa nem imagens de arquivo, apenas algumas imagens de Xangai atual e 18 monólogos cansativos, intercalado com imagens pseudo poéticas totalmente fora de contexto de uma mulher de branco vagando por cenários degradados da cidade (como aparece no próprio pôster). Arrependo-me de ter ficado na sala até o final da projeção.


Drama *

Filme chileno sobre dois rapazes e uma moça, estudantes de teatro, que fazem “laboratório” nas noites de Santiago, para buscar inspiração para comporem seus personagens e se apresentarem para seu professor. Só que eles passam dos limites, envolvendo-se com drogas e prostituição, e confundindo a realidade com a ficção.


Pra mim fica evidente o intuito de parecer transgressor, prova disso é que o próprio diretor, ao se apresentar antes do início da sessão, fez questão de dizer que o filme fez o maior sucesso no Chile e causou polêmica devido a uma cena que envolve religião. A tal cena nada mais é que uma aluna de teatro vestida de freira que participa de uma encenação meio sensual.


Descaradamente apelativo. Tem ainda uma cena constrangedora e patética de um traficante que resolve demonstrar seu talento como ator e imita um cachorro, mordendo de verdade o pescoço de um rapaz, pra mostrar como ele também ultrapassou o limite entre o real e a atuação. Bem forçado.



Picco *

Drama alemão que se passa em uma penitenciária juvenil. Picco é o apelido que se dá ao preso novato, “bixo” como se diz em São Paulo, e que por isso é submetido a uma série de humilhações, até que chegue o próximo novato e aquele deixe de ser o alvo dos trotes aplicados pelos veteranos.


Esse filme me fez lembrar “Violência Gratuita”, do também alemão Michael Haneke. Mas a qualidade daquele filme estava justamente na crítica que fazia à violência explícita a que o cinema muitas vezes submete o expectador. Usando da metalinguagem, provocava o expectador a refletir sobre o seu próprio s
adismo por ter ido assistir àquele filme.


Em “Picco”, temos exatamente essa violência criticada por Haneke. São várias cenas de maltratos físicos, culminando em uma interminável cena (que dura quase a metade da projeção), em que um preso é torturado a noite toda (física e psicologicamente) até que não aguente mais e cometa suicídio. Várias pessoas foram deixando a sala nas partes finais do filme porque não agüentaram as doses de violência do filme. Realmente passa dos limites. É sadismo puro.


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