quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mostra 2010 - Dia 26/10

Assistir a cinco filmes é muito cansativo. Acho que quatro já está de bom tamanho. Este ano procurei dar preferência aos filmes de 1h30. Filmes com mais 2h, 3h, 5h (como é o caso de Carlos, que tem 330 minutos!!), tornam impossível ver vários filmes por dia. Mas também, depende da sorte de pegar filmes bons. Ontem foi um dia desses. Vi 5 filmes, todos de bom a ótimo. Hoje também foi bom. E serviu pra perceber uma coisa: esse é o ano dos nacionais, pelo menos pra mim. Não vi nenhum nacional ruim, todos ótimos. Espero que continue assim.

Bróder ****
Mais uma vez assisti a um filme nacional sem muita expectativa e me surpreendi. Ninguém agüenta mais ver filme nacional em favela, mostrando pobreza, crime, tráfico, o que até deu origem a uma expressão, a tal da “glamurização da pobreza”. Mas esse filme passa longe desse clichê. Aliás, é o terceiro bom filme que vejo em comunidade pobre de São Paulo. Nas Mostras anteriores vi o também excelentes “Antonia”, de Tata Amaral e “Os Inquilinos”, de Sergio Bianchi. O filme tem vários ótimos atores (Cassia Kiss, Aílton Graça, Caio Blat, impressionante como mano da periferia, Jonathan Haagensen ...) que compõem com naturalidade o universo do bairro do Capão Redondo. O filme acompanha basicamente o dia de aniversário do personagem Marcu (Caio Blat) que, enquanto se prepara para executar o seqüestro de uma criança, é surpreendido por uma festa preparada pela mãe, ocasião esta em que reencontra os amigos que não vivem mais na comunidade, Pibe, que casou e vive num kitinete de frente para o Minhocão e Jaiminho, que enriqueceu como jogador de futebol. Várias situações vão se desenrolando até culminar numa situação chave em que a amizade entre eles vai ser posta à prova.

A Mulher dos 5 Elefantes
*

Documentário meio sonolento sobre uma senhora de mais de 80 anos que viveu as duas guerras mundiais e tornou-se uma das tradutoras mais respeitadas do russo para o alemão, tendo traduzido as 5 obras mais importantes de Dostoievski (os chamados 5 Elefantes do título: “Crime e Castigo”, “O Idiota”, “O Adolescente”, “Os Irmãos Karamazov” e “Os Demônios”). Tem discussões interessantes sobre o processo de tradução, como por exemplo, quando explica sobre palavras em russo que não têm correspondente no alemão. Mas o filme se estende demais e fica cansativo quando ela começa a contar detalhes sobre seu passado na Alemanha nazista.


A Noite Que Nos Domina *

O filme se passa em 1976, quando o protagonista Marcus retorna à sua comunidade na Filadélfia, onde cresceu em meio ao movimento chamado “Panteras Negras”. Ele é rejeitado por todos, menos por sua amiga Patrícia e pela filha dela, que acompanha um universo complexo de situações que se desenvolveu ao seu redor. A rejeição daqueles e a aceitação destas têm a ver com um segredo chave da trama que somente será revelado no final. O filme é um tanto arrastado e demora tanto para revelar o tal segredo que o espectador acaba perdendo o interesse em desvendá-lo. Vale mais pela ótima trilha sonora.


Boca do Lixo ****

Mais um título nacional de altíssima qualidade, em todos os sentidos. A fotografia (que foi premiada no Festival do Rio deste ano) e a reconstituição de época são primorosas, lembrando um pouco o cinema noir. O elenco é afiadíssimo, liderado por Daniel de Oliveira como o bandido Hiroito de Moraes Joanides, que aterrorizou o centro de São Paulo nas décadas de 50 e 60. Tem ainda uma participação hilária e impagável de Paulo César Pereio, figura que eu pessoalmente não suporto pelo seu aspecto repugnante no falar e no visual, mas que conseguiu ganhar minha simpatia nesse papel de delegado corrupto típico de comédias, que propicia os melhores momentos do filme. Ótima atuação também de Hermila Guedes como a esposa de Hiroito. Participação inusitada de Leandra Leal como uma ex-miss que virou pistoleira profissional.

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